Um arquivo de pastas recheadas com fotos, frases, músicas: é assim que muitas vezes a memória é representada. Mas como é que a ciência explica seu funcionamento? A memória surge de uma proteína codificada no cérebro e, como um hardware, tem limite de armazenamento. Se uma informação será ou não armazenada depende de muitos fatores, que incluem os sentidos e as emoções. Entenda melhor como funciona nosso arquivo pessoal. Como se forma a memória? A formação da memória ocorre com a criação de uma nova estrutura que surge de uma proteína codificada pelo neurônio. Essa nova estrutura foi denominada de engrama pelo cientista Eric Kandel, que ganhou o Nobel com essa descoberta Nem toda informação é transformada em engrama, pois a capacidade cerebral tem limite. Saber se uma memória será armazenada ou não depende da amígdala cerebelosa, parte cerebral que avalia a importância das emoções. Assim, um livro que emociona é mais fácil de lembrar que um livro burocrático. Existem vários tipos de memória? Há pessoas que são mais visuais, mais auditivas, como se fossem diferentes tipos de inteligência. Além da facilidade inata para armazenar um tipo de memória, há também o que pode ser desenvolvido. Cada memória depende de uma região específica do cérebro. As memórias de linguagem estão na área de linguagem. As memórias visuais estão na área visual. Não é só uma região que guarda, são guardadas de forma difusa. Nosso arquivo pessoal parece funcionar em um modelo de sistemas múltiplos de memória que são distintos e complementares. As memórias mais comuns são: - A episódica: capacidade de lembrar fatos relacionados à sua vida, por exemplo, onde passou o Natal em 2010; - A semântica: capacidade de aprender os fatos universais, como o que é um leão, conhecimento de geografia, física, etc; - De trabalho: capacidade de manter informação online e usá-la, é de curto prazo, ou seja, não usa o engrama; - De procedimento: memória motora, como dirigir e andar de bicicleta; - Prospectiva: lembrar de se lembrar, como marcar consulta médica e se lembrar depois. Como se esquece? A memória tem um limite e pode ser afetada por circunstâncias emocionais. A memória de curto prazo pode ser afetada por desatenção, estresse, falta de sono, ansiedade e depressão. A memória tem três mecanismos: aquisição, armazenamento e evocação. O emocional pode influenciar em qualquer uma dessas etapas, principalmente na aquisição e na evocação. Se você está distraído, não tem foco, não vai memorizar. Se está interessado, a aquisição fica mais intensa, tem participação da amígdala (região cerebral). O esquecimento também pode acontecer por causa de doenças que lesionam partes do cérebro relacionadas à memória. Na doença de Parkinson, por exemplo, a memória de se fazer coisas automaticamente, como tocar um instrumento, é prejudicada. Outras doenças que atingem a região do lobo temporal esquerdo fazem com que a pessoa esqueça palavras menos comuns e simplifique a fala, por exemplo. Memória piora com a idade? Assim como uma pessoa idosa não consegue ser tão rápida numa corrida como um jovem de 20 anos, a memória pode ficar um pouco mais lenta com o envelhecimento. Além disso, a idade é o principal fator de risco para doenças que afetam a memória. Em 2013, uma revisão de estudos publicada na revista Progress of Neurobiology questiona o que é o envelhecimento normal e o causado pela Doença de Alzheimer. A conclusão da pesquisa da Universidade de Oslo, na Noruega, é que alguma redução em habilidades cognitivas específicas como rapidez mental, funções executivas e memória episódica são normais do envelhecimento. No entanto, habilidades verbais e conhecimento do mundo são mantidos. Na doença, a plasticidade do cérebro é modificada, o que afeta a recuperação de lesões. Numa situação saudável, a idade faz pouca diferença e é possível treinar a memória assim como se fortalece um músculo. Como melhorar a memória? Nós da Amor e Cuidado – cuidadores de pessoas, recomendamos que se tenha uma boa quantidade de sono profundo. Pois as informações precisam de um tempo para serem processadas, e é através do sono que a memória se consolida. Também ressaltamos que a pratica de exercícios físicos também trazem benefícios à memória, pois produzem substâncias que ajudam na formação dos engramas. Fonte: https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2016/10/19/o-que-sabemos-sobre-a-memoria.htm  

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